Finalmente, o Buda nos ensinou
que a meditação correta é o que de mais importante podemos fazer para
despertar. Meditação Correta significa manter uma mente-que-não-se-move de
momento a momento. Em qualquer situação, sob qualquer condição, mantenha a
mente clara como o espaço, ainda que funcionando tão meticulosamente quanto a
ponta de uma agulha. Há pessoas que pensam que o objetivo da meditação é apenas
experimentar “paz de espírito”. Gostam de sossego e tranqüilidade. Nosso
primeiro Centro Zen na América localizava-se em Providence Rhode Island. Após
certo tempo, uma banda de rock instalou-se no apartamento exatamente abaixo da
sala de meditação. Eles eram muitíssimo barulhentos! O fato de praticarem todos
os dias incomodava muitos alunos Zen. “Mestre,
a música deles é barulhenta demais. Perturba a minha meditação! Será que não
poderíamos pedir-lhes que parassem?” Na verdade, os roqueiros eram grandes
bodisatvas. “Não se preocupem com eles, está bem? Encontrar quietude quando
imerso na quietude, não é quietude real. A quietude imersa no barulho é a
verdadeira quietude.” É claro que ter um lugar sossegado para meditar é ótimo,
mas não devemos nos apegar a experiências de quietude, somente. A vida não é
sempre assim. Se a sua mente não estiver se mexendo, até mesmo a Rua 42, em
Nova Iorque, pode ser um ótimo templo Zen.
Há também aqueles que pensam que
meditação correta tem a ver somente com a prática forma da meditação. Porém, só
sentar para meditar não é a prática completa. Esse tipo de pensamento está
vinculado ao sentar do corpo. A verdadeira meditação é o correto sentar da
mente: independente de condição ou situação, como está a sua mente nesse exato
momento?
Um eminente professor já disse: “Quando
caminhar, parar, sentar, deitar, falar, estiver em silêncio, mover-se, estiver
quieto – em todos os momentos, em todos os lugares, ininterruptamente, o que é
isso?” São palavras muito importantes. Com certeza, a verdadeira prática de
meditação não depende do fato de sermos capazes de manter uma postura formal ao
sentarmos para meditar, seja pelo tempo que for. Significa apenas manter uma
grande questão: “O que sou eu?”
É bom também controlar a sua
respiração. Inspire e expire lentamente. A expiração deveria ter um pouco mais
do dobro da duração da inspiração. Se você inspirar e expirar bem lentamente,
poderá, com mais facilidade, cortar o fluxo dos pensamentos sem apegar-se ao
vai-e-vem da sua mente. Com o tempo, a energia descerá cada vez mais para o seu
centro, e você poderá controlar melhor os seus sentimentos e emoções. Porém, ao
longo de tudo isso, é importante enfatizar que a verdadeira meditação não é
mera postura corporal. É como você mantém a sua mente, de momento a momento, no
meio de toda e qualquer atividade do seu cotidiano.
(A Bússula do Zen, mestre Zen
Seung Sahn)
foto: Araquém Alcântara
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