foto: Luis Julgmann Girafa |
Há cerca de 2.500 anos, um homem que estivera procurando
a verdade por muitas e muitas vidas, chegou a um lugar tranquilo na Índia setentrional,
e se sentou sob uma árvore. Continuou sentado ali com imensa determinação e jurou
não se levantar até que tivesse encontrado a verdade. Ao anoitecer, conta-se,
ele havia dominado todas as forças escuras da ilusão. E cedo na manhã seguinte,
quando a estrela Vênus brilhou no céu do alvorecer, o homem foi recompensado
por sua infinita paciência, disciplina e perfeita concentração, atingindo a
meta final da existência humana, a iluminação. Nesse momento sagrado, a própria
terra estremeceu, como que “embriagada de felicidade”, e segundo dizem as
escrituras “ninguém mais em parte alguma estava irado, doente ou triste;
ninguém mais fazia o mal, ninguém mais era orgulhoso; o mundo ficou muito
quieto, como se tivesse atingido a plena perfeição”. Esse homem ficou conhecido
como o Buda. Aqui, o mestre vietnamita Thich Nhat Hanh dá uma bela descrição da
iluminação do Buda:
Gautama
sentiu como se uma prisão que o confinava há milhares de vidas tivesse se
rompido. A ignorância fora seu carcereiro. Devido à ignorância sua mente
estivera obscurecida, como a lua e as estrelas ficam escondidas atrás de nuvens
de tempestade. Enevoada por infinitas ondas de pensamentos ilusórios, a mente
tinha dividido, de maneira falsa, a realidade em sujeito e objeto, o eu e os
demais, existência e não existência, nascimento e morte, e dessas
discriminações surgiram concepções erradas – as prisões dos sentimentos, do
desejo, do apego, do vir a ser. O sofrimento do nascimento, da velhice, da
doença e da morte apenas engrossou as paredes da prisão. A única coisa a fazer
era pegar o carcereiro e olhar seu verdadeiro rosto. O carcereiro era a ignorância...
Quando ele se foi, o cárcere desapareceu e nunca mais se reconstruiu.
O que o Buda viu foi que a ignorância sobre a nossa verdadeira natureza é a raiz de todos os tormentos do samsara, e a raiz da ignorância em si é a tendência habitual da nossa mente para distração. Para terminar com distração da mente era preciso acabar com o próprio samsara, a chave para isso, ele percebeu, era trazer a mente de volta à sua verdadeira natureza pela prática da meditação.
A dádiva de aprender a meditar é o maior presente que você pode se dar nesta vida. Porque é apenas através da meditação que você pode empreender a jornada para descobrir sua verdadeira natureza e assim encontrar a estabilidade e a confiança de que necessitará para viver e morrer bem.
A meditação é o caminho para a iluminação.
(Sogyal Rinpoche - O livro tibetano do viver e do morrer)
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