terça-feira, 23 de abril de 2019

POR QUE BUSCAR A LIBERTAÇÃO

foto: Alberdan
Quase todos nós nos aproximamos da prática do Zen como se ela oferecesse algo que precisássemos obter. Mas, na verdade, trata-se mais de algo de que precisamos nos livrar.

Você já tem tudo de que precisa para compreender a vida humana totalmente - não ficar confuso, não fiar amedrontado, não ficar habitualmente desejando coisas, não sofrer. Tudo isso já é seu agora.

No entanto, continuamos a pensar que nos falta alguma coisa vital, especialmente com relação à iluminação. E ficamos com a impressão de que se praticarmos duro por um longo tempo, então talvez possamos nos tornar budas ou seres completos.

Mas a Realidade não funciona assim. Como podemos ganhar algo que já temos, mesmo que pratiquemos meditando por séculos? É o mesmo  que desejar estar nos Estados Unidos, vivendo em Nova York.

Precisamos compreender que o antigo meditador a respeito do qual esse sujeito estava perguntando, não era real. O inquiridor o imaginou como uma pessoa à qual faltasse algo e, portanto, tinha de meditar para se tornar um buda. Mas tal pessoa não existe na verdade - nem nunca poderá existir.

O fato é que, a ninguém que vive e anda no meio de nós falta a habilidade para despertar, para ser totalmente humano, para realizar a natureza da Realidade.

Aqui está mais uma história Zen sobre um sujeito que procurou um professor Zen em busca de libertação de mente. O mestre perguntou a ele, "Quem o está prendendo?"

O homem respondeu, "Ninguém me prende".

"Por que, então, buscar libertação?"

Temos o hábito de passar pela vida procurando por algo. Até lemos livros como este porque estamos tentando encontrar algo. Mas por que procurar por algo que está bem na sua frente?

Passamos nosso tempo presos em pensamentos, dividindo tudo, separando-nos da Realidade - e aí achamos que nos falta algo e que devemos preencher essa falta.

Budas são aqueles que têm consciência de suas próprias ilusões. Podemos pensar que eles têm algum insight especial mas, na verdade, eles apenas vêem  como nós jogamos esse jogo. Eles vêem como somos levados a jogá-lo. E eles vêem quão doloroso é jogar o jogo sem compreender o que estamos fazendo.

 A prática Zen trata de nos inteirarmos, dia a dia, sobre quão rapidamente somos enganados, quão facilmente somos absorvidos por nossas próprias ideias de realidade, e quão apertadas são as amarras de nossos mesquinhos quereres e não-quereres, nossos medos e preconceitos.

(O Budismo não é o que você pensa - Steve Hagen)

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