Foto: povo Krahô - TO - por Jorge Valente |
Não tenho nem um pouco de inveja
Vamos todos procurar
a coisa mais preciosa que já neste mundo
E vamos também
fazer aquele esforço para que
as coisas sem valor não nos afetem
(Jukichi Yagi)
Todos querem as coisas boas da vida e passam a existência em busca do que é bom e precioso. Só que os conceitos de "bom" e de "precioso" variam de pessoa para pessoa. Há uma história na Índia antiga que envolve o aracã(*) Pindola Bharadvaja (conhecido no Japão como Binzuru) e o rei Udayana. Eles eram amigos de infância, mas o primeiro partiu do reino para ser um discípulo de Buda, tornando-se um aracã após se dedicar com afinco à prática espiritual, enquanto o segundo se tornou um poderoso rei, conquistando inúmeros países.
Certa feita, o aracã voltou ao reino de Kaosambii, sua terra natal, onde costumava praticar zazen no bosque. Ao ouvir isso, o rei de Udayana fez-se acompanhar por um séquito de súditos e serviçais, vestiu seus melhores trajes e foi até ele. Chegando lá, estufou o peito e disse: "Eu conquistei diversos reinos e o meu poderio resplandece de forma tão forte e ampla quanto o sol. Na minha cabeça repousa a coroa celestial, o meu corpo se reveste dos tecidos mais finos e tenho as mulheres mais belas aos meus pés para me servir. E, então, não está com inveja?". Ao que o aracã respondeu, de modo simples: "Não tenho nem um pouco de inveja".
Essa história mostra que "a coisa mais preciosa da vida" para o rei Udayana não tinha o menor valor para o aracã Pindola Bharadvaja.
(*) Em japonês, arakan ou rakan; em sânscrito, arhat. É um termo usado para designar um ser de elevada estatura espiritual.
(Extraído do livro A Coisa Mais Preciosa da Vida - Shundô Ayoama Rôshi)
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