"Não se trata de ter um profundo sentimento acerca do budismo; simplesmente fazemos o que deve ser feito, tal como jantar e ir para a cama. Budismo é isso."
O propósito do estudo do budismo não é estudar budismo, mas estudar a nós mesmos. É impossível estudar a nós mesmos sem algum ensinamento. Para saber o que é a água, você precisa da ciência, e o cientista, de um laboratório. No laboratório há vários meios de estudar o que é a água. Assim, torna-se possível saber os elementos que ela contém, quais as diferentes formas que assume e qual sua natureza. Contudo, é impossível saber por esse meio o que é a água em si. Acontece o mesmo conosco. Precisamos de algumas instruções, mas só pelo estudo do que foi ensinado não é possível saber o que "eu" sou em mim mesmo. Através do ensino podemos compreender nossa natureza humana. Porém os ensinamentos não são nós mesmos: são uma explicação sobre nós. Portanto, se você se apegar ao ensinamento ou ao mestre, cairá em um grande erro. Quando encontrar um mestre deve "deixá-lo" e ser independente. Você tem necessidade de mestre para tornar-se independente. Se não se apegar a ele, o mestre lhe mostrará o caminho em direção a você mesmo, e você terá um mestre por você e não por ele. (...) Nós estudamos para nos tornarmos independentes. Como os cientistas, temos que dispor de meios para estudar. Precisamos de um professor porque é impossível estudar a si mesmo por conta própria. Mas não se engane, não tome para si próprio aquilo que aprendeu do mestre. O estudo que você faz com seu mestre é parte de sua vida diária, parte de uma atividade incessante. Neste sentido, não há diferença entre a prática e a atividade da sua vida diária. Portanto, encontrar o sentido de sua vida no zendô é encontrar o sentido de sua atividade cotidiana. Pratica-se zazen para tomar consciência do sentido da vida.
(Shunryu Suzuki - Mente Zen, mente de principiante - pg. 72-73- Palas Athena)
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