sexta-feira, 26 de abril de 2013

Liberdade

No fim do segundo milênio, está se tornando cada vez mais difícil para nós encontrar sentido em nossa vida. Não nos deixamos enganar por muitas de nossas antigas histórias. A religião não prende a maioria das pessoas, hoje em dia, como fazia outrora. Embora muitas pessoas afirmem isso da boca para fora, enquanto se apegam a religião desesperadamente, estando subjulgadas a tudo isso, "Deus" não parece ser a resposta definitiva para muitos de nós.

Realmente, não vivemos como se acreditássemos em Deus. No desespero, entretanto, oscilamos entre os dois riscos: o ceticismo e o dogmatismo. Continuamos a recorrer a este e aquele para dar sentido a nossa vida. 

Não entendemos facilmente que nós mesmos criamos este problema de ausência de sentido por meio da ilusão de nosso pensamento. Em primeiro lugar, se pudéssemos apenas ver este momento pelo que ele é,  a ausência de sentido nunca iria surgir. Por meio da nossa tentativa de definir e organizar as coisas por nós mesmos - tentar identificar e atribuir significado as coisas - é que acabamos criando um mundo que é, no final das contas, sem sentido.

Qualquer coisa que sustentarmos como sendo "o sentido da vida" mostrará, enfim, vazio, falso ou contraditório. Entretanto, continuamos a bater na mesma tecla e procurar inutilmente por uma explicação conceitual. Ou isso acontece ou entramos em desespero.

Tentamos isso, tentamos aquilo, tentamos uma coisa e uma outra. Ficamos desiludidos e cansados. Depois de toda essa nossa procura, de todo filosofia e ciência que elaboramos por séculos, está ficando muito difícil encontrar uma história que possamos acreditar.

Libertar a mente é compreender que não precisamos acreditar em nenhuma história. Trata-se de compreender que, diante do nosso pensamento confuso, há de fato a Realidade. Podemos ver isso. Tudo que precisamos fazer é aprender a nos envolver plenamente com este momento a medida que ele surge.
O caminho Óctuplo mostra como fazer isso. 

A dor profunda e vazia do coração surge de uma vida de busca de sentido. No entanto, é pelo nosso próprio desejo de encontrar sentido que criamos ausência de sentido. A própria ideia de procurar um objetivo, um sentido surge do nosso pensamento iludido. Quando realmente vemos a Realidade pelo que ela é, todas as questões de sentido são transcendidas, e estamos livres para nos envolver com o mundo como ele realmente é.

(Budismo Claro e Simples - Steve Hagen - Ed. Pensamento)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Respire para cuidar da raiva

Quando a energia da raiva, do ciúme ou do desespero se manifesta em nós, devemos saber como lidar com ela, caso contrário seremos esmagados e sofreremos intensamente. A respiração consciente é a prática que pode nos ajudar a cuidar das nossas emoções.

Inicialmente, para cuidar bem das nossas emoções, temos que aprender a cuidar bem do corpo. Ao nos tornarmos conscientes da inspiração e da expiração, nós nos conscientizamos do nosso corpo. "Ao inspirar, tomo consciência do meu corpo." Volte-se para o seu corpo. Abrace-o com a energia da plena consciência gerada pela prática da respiração consciente.

Na vida do dia-a-dia, podemos estar muito ocupados cuidando de várias coisas e esquecemos como nosso corpo é importante. Ele pode estar sofrendo ou doente. Devemos portanto saber como tomar novamente contato com nosso corpo a fim de abraçá-lo com ternura, com plena consciência. A mãe segura carinhosamente o bebê nops braços, concentra-se nele, cuida dele. É isso o que precisamos fazer com nosso corpo. Depois de envolvê-lo como um todo, começar a abraçar as diferentes partes dele, uma por uma - os olhos, o nariz, o pulmão, o coração, o estômago, os rins, e assim por diante.

A energia da plena consciência é como um raio de luz que pode nos mostrar claramente cada parte do corpo. Quando o corpo funciona com tranquilidade, ele começa a se curar, o que ajuda a mente a relaxar e também ficar curada.

(Thich Nhat Hanh - Aprendendo a lidar com a raiva - Sextante)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Meditação - Impermanência

Dhyana, meditação, consiste na prática de acalmar-se, concentrar-se e olhar profundamente. A meditação deveria ser entendida, antes de tudo, como o cultivo de samadhi, a consciência meditativa. Assim, quando recebemos ensinamentos, tais como os Três Selos do Darma - impermanência, não-eu e nirvana - como objetos de nossa concentração, eles se tornam percepções reais, integrantes da nossa experiência de vida, não apenas ideias e conceitos.

O ensinamento budista central acerca da impermanência nos diz que todas as coisas surgem e passam, de acordo com suas causas e condições. Nada dura para sempre; nada existe como algo permanente, imutável, em si mesmo. Muitos praticantes pensam que entendem perfeitamente o ensinamento acerca da impermanência, mas eles não acreditam realmente nela. Temos uma forte tendência a acreditar que permaneceremos a mesma pessoa para sempre e que nossos entes queridos também permanecerão os mesmos para sempre, mas isto é um tipo de ilusão que nos impede de viver de um modo mais atento e compassivo. Se acreditamos que tudo e todos os que amamos sempre estarão lá, teremos pouco interesse em cuidar deles e apreciá-los profundamente, exatamente aqui e agora. 

Quando perdemos algo ou alguém, nós sofremos. Quando, porém aquela coisa ou pessoa ainda esteve presente em nossas vidas, podemos não tê-la valorizado e perdemos as oportunidades de apreciá-la, pois nos faltou o vislumbre da impermanência. É muito importante tornar a percepção da impermanência o objeto de nossa consciência meditativa, pois esse vislumbre é um elemento do amor e da compaixão.

(Thich Nhat Hanh - Ação Pacífica, Coração Aberto)

quinta-feira, 14 de março de 2013

Caminho espiritual

Sinto que a história da vida de Buda tem grande significado para nós. Ela exemplifica os tremendos potenciais e capacidades que são intrínsecos à existência humana. A meu ver, os eventos que condizem à sua plena iluminação dão um exemplo adequado e inspirador para seus seguidores. Em suma, sua vida faz a seguinte afirmação: "Esta é a maneira pela qual vocês devem seguir seu caminho espiritual. É preciso ter em mente que atingir a iluminação não é uma tarefa fácil. Exige tempo, vontade e perseverança."  Desde o começo, pois, é fundamental não alimentar ilusões quanto a um caminho rápido e fácil. Como aprendizes espirituais, vocês devem estar preparados para suportar as dificuldades envolvidas numa genuína busca espiritual, e determinados a manter seu esforço e sua vontade. Devem antecipar os múltiplos obstáculos que encontrarão, necessariamente, ao longo do caminho, e entender que a chave de uma prática bem-sucedida é jamais perder a determinação. É muito importante ter tal atitude resoluta. A história da vida pessoal de Buda, é a história de alguém que atingiu a plena iluminação através do trabalho árduo e da dedicação firme. É irônico que, por vezes, pareçamos acreditar que nós, que seguimos as pegadas de Buda, possamos de alguma forma conseguir a plena iluminação com mais facilidade e menos esforço.

(Tenzin Gyatso - XIV Dalai Lama)

AVISO

Em observância à recomendação do Decreto Distrital, as atividades do Zen Brasília serão temporariamente suspensas, inclusive a Jornada de Z...