" A vida é uma viagem" disse o venerável mestre Takeabayashi.
O que vamos levar dessa viagem? Que novidades iremos contar ao regressarmos ao nosso lar? Onde fica a nossa casa? Será no céu? Só de pensar, há quem deixe de viver e fique só a se preocupar. Xaquiamuni Buda dizia que a vida é como um rio, correndo e fluindo sem parar. Uma gota d'água jamais passa duas vezes pelo mesmo lugar. Todos nós, minúsculos pingos d'água, fluímos na correnteza.
A casa onde ficamos serenos também está fluindo. Não virá depois da morte. Aqui, exatamente agora, estamos nessa casa abençoada, onde há tranquilidade. Isso independe do dinheiro, do amor, do trabalho e da fama. Não há celebridade que recuse um copo d'água em um dia de muito calor. E a gotinha passa, sem deixar marca, ajudada pela graça de fazer parte da rede da vida.
Ninguém pode nos tirar o contentamento de viver cada instante como a gota murmurante que ri de si mesma, fluindo na gargalhada da cachoeira que a derruba em estrondo, virando espuma, nuvem e chuva.
Sempre em casa, sempre ausente. E a felicidade nisso tudo? Só é percebida ao passar? Pode ser sentida em cada silêncio de olhares que se encontram e que se encantam nesse encontrar. Está presente no ato simples de compartilhar ternura, vida e saber.
Não ponha a felicidade para fora. Não a expulse com grito e ódio. Não enterre a felicidade nos vícios e excessos. Felicidade é macia e leve. Com a mente límpida, o coração aberto, as mãos prontas a ajudar, de repente, vemos o que antes era invisível.
Para ser feliz é preciso despertar.
(Monja Coen - Sempre Zen, aprender, ensinar e ser)
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