segunda-feira, 8 de julho de 2019

As Dez Figuras do Boiadeiro por Chögyam Trungpa - Domando a Mente

Procurando o touro
No1-by_Tenshō_ShūbunA inspiração para este primeiro passo, procurar o touro, é a sensação de que as coisas não são íntegras, de que alguma coisa está faltando. Este sentimento de perda produz dor. Você está procurando algo que faça a situação se endireitar. Você descobre que as tentativas do ego na direção de criar um ambiente ideal são insatisfatórias.
Descobrindo as pegadas
No._2Ao compreender a origem desta dor, você descobre a possibilidade de transcende-la. Este é o reconhecimento das Quatro Nobres Verdades. Você vê que a dor resulta dos conflitos criados pelo ego, e descobre as pegadas do touro, que são suas pesadas marcas, e que tomam parte em todos os eventos os transformando em jogos. Você é inspirado por conclusões lógicas inabaláveis, não pela fé cega. Isto corresponde aos caminhos Shravakayana e Pratyekayana.
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Encontrando o touro
No._3Você fica pasmo ao perceber o touro e então, porque já não há mais nenhum mistério, você se pergunta se ele está realmente ali; você percebe sua qualidade insubstancial. Você perde a noção de um critério subjetivo. Quando você começa a aceitar esta percepção da não-dualidade, você relaxa, porque não precisa mais defender a existência de seu ego. Você pode dar-se ao luxo de ser aberto e generoso. Você começa a ver outras formas de lidar com seus projetos e isso em si é alegria, o primeiro nível espiritual de conquista de um Bodisatva.
Capturando o touroNo._4
Após ter o vislumbre do touro, você descobre que a generosidade e a disciplina não são suficientes parar lidar com suas projeções, você ainda tem que transcender completamente a agressão. Você tem que reconhecer a precisão dos meios hábeis e a simplicidade de ver as coisas como elas são, o que está ligado com a compaixão plenamente desenvolvida. O subjugar da agressão não pode ser feito num panorama dualista – é preciso um compromisso total com o caminho compassivo do Bodisatva, ou seja, um desenvolvimento mais amplo da paciência e do vigor.
Domando o touro
No._5Uma vez capturado o touro, atinge-se sua doma através da atenção meditativa panorâmica e do lancinante chicote do conhecimento transcendental. O Bodisatva conquistou as ações transcendentes (paramitas – 6 perfeições – generosidade, ética, energia estável, paciência, concentração e sabedoria) – e não se fixa a coisa alguma.
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Montando no touro e indo para casa
No._6Já não há mais nenhuma busca. O touro (a mente) finalmente obedece ao mestre e se torna energia criativa. Este é o rompimento final ao estado da iluminação – o samadhi vajra do Décimo Primeiro Bhumi. Com o desdobrar da experiência de Mahamudra, a luminosidade e cor da mandala transformam-se na música que guia.
Transcendido o touro
No._7Mesmo aquela alegria e cor torna-se irrelevante. A mandala de símbolos e energias do Mahamudra se dissolve no Maha Ati através da total ausência da ideia de experiência. Não há mais touro. A louca sabedoria torna-se cada vez mais evidente e você abandona completamente a ambição de manipular.
Transcendidos touro e eu
No._8Esta é a ausência tanto do esforço quanto do não-esforço. É a imagem desnuda do princípio primordial do Buda. Esta entrada no Dharmakaya é a perfeição do não-vigiar – não há mais critérios, e a compreensão de Maha Ati como um estágio definitivo é completamente transcendida.
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Alcançando a fonte
No._9Já que este espaço e abertura e a total ausência de medo estão presentes, a brincadeira espontânea das sabedorias é um processo natural. A fonte da energia que não precisa ser buscada se manifesta; é como se você fosse rico em si e não como se fosse enriquecido por algum fator. Porque há tanto calor básico quanto espaço básico, a atividade de compaixão do Buda está viva e assim toda comunicação é criativa. É uma fonte no sentido de ser o tesouro inexaurível da atividade do Buda. Este é, portanto, o Sambhogakaya.
Em meio ao mundo
No._10O Nirmanakaya é o estado completamente desperto de estar em meio ao mundo. Sua ação é como a lua refletindo em centenas de tigelas de água. A lua não mantém o desejo de refletir, mas esta é sua natureza. Trata-se de lidar com a terra e a derradeira simplicidade, transcendendo o seguir o exemplo de alguém. É o estado de “completo fiasco” ou “cachorro velho”. Você destrói o que quer precise ser destruído, subjuga o que quer que precise ser subjugado, e você se importa com o que quer que precise que você se importe.
(texto retirado de Budismo Petrópolis)

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