No fim do segundo milênio, está se tornando cada vez mais difícil para nós encontrar sentido em nossa vida. Não nos deixamos enganar por muitas de nossas antigas histórias. A religião não prende a maioria das pessoas, hoje em dia, como fazia outrora. Embora muitas pessoas afirmem isso da boca para fora, enquanto se apegam a religião desesperadamente, estando subjulgadas a tudo isso, "Deus" não parece ser a resposta definitiva para muitos de nós.
Realmente, não vivemos como se acreditássemos em Deus. No desespero, entretanto, oscilamos entre os dois riscos: o ceticismo e o dogmatismo. Continuamos a recorrer a este e aquele para dar sentido a nossa vida.
Não entendemos facilmente que nós mesmos criamos este problema de ausência de sentido por meio da ilusão de nosso pensamento. Em primeiro lugar, se pudéssemos apenas ver este momento pelo que ele é, a ausência de sentido nunca iria surgir. Por meio da nossa tentativa de definir e organizar as coisas por nós mesmos - tentar identificar e atribuir significado as coisas - é que acabamos criando um mundo que é, no final das contas, sem sentido.
Qualquer coisa que sustentarmos como sendo "o sentido da vida" mostrará, enfim, vazio, falso ou contraditório. Entretanto, continuamos a bater na mesma tecla e procurar inutilmente por uma explicação conceitual. Ou isso acontece ou entramos em desespero.
Tentamos isso, tentamos aquilo, tentamos uma coisa e uma outra. Ficamos desiludidos e cansados. Depois de toda essa nossa procura, de todo filosofia e ciência que elaboramos por séculos, está ficando muito difícil encontrar uma história que possamos acreditar.
Libertar a mente é compreender que não precisamos acreditar em nenhuma história. Trata-se de compreender que, diante do nosso pensamento confuso, há de fato a Realidade. Podemos ver isso. Tudo que precisamos fazer é aprender a nos envolver plenamente com este momento a medida que ele surge.
O caminho Óctuplo mostra como fazer isso.
A dor profunda e vazia do coração surge de uma vida de busca de sentido. No entanto, é pelo nosso próprio desejo de encontrar sentido que criamos ausência de sentido. A própria ideia de procurar um objetivo, um sentido surge do nosso pensamento iludido. Quando realmente vemos a Realidade pelo que ela é, todas as questões de sentido são transcendidas, e estamos livres para nos envolver com o mundo como ele realmente é.