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foto: João Antônio |
Mestre Dogen diz no Shobogenzô Zuimonki: "Quando uma pessoa cai de um cavalo, até que toque o chão, pensa rapidamente e com toda a concentração naquele breve lapso de tempo. Deveríamos viver cada dia e cada instante dessa mesma maneira".
Nesse fugaz intervalo entre cair do cavalo e tocar o chão, não há tempo para pensar no supérfluo. O conhecimento e a experiência se tornam inúteis e não temos tempo para sonhar acordados ou para nos reprovar. Quando enfrentamos uma questão decisiva, de vida ou morte, tudo depende de nossa presença. Mestre Dogen dizia que deveríamos viver toda a nossa vida neste estado de atenção e vigilância.
Avaliar se somos capazes ou não, se somos inteligentes o suficiente, olhar em volta para buscar ajuda, colocar condições: são todas provas de falta de seriedade. Quem não é sério consigo mesmo prefere se apoiar nos outros e tem uma postura passiva; para ele, até as portas abertas terminam por se fechar. Por outro lado, se enfrentarmos nossos problemas com determinação, nossa resolução e nossa persistência podem escancarar até mesmo uma porta firmemente fechada. As chaves para abrir ou fechar as portas somos nós mesmos, é nossa atitude em relação às dificuldades.
Normalmente pensamos ser absurdo uma gota d'água perfurando a pedra. Mas na realidade vemos frequentemente pedras que foram perfuradas pela água das chuvas, ou erodidas pelo curso de um rio.
Buda disse no Mahaparinirvana Sutra: "Monges se perseverarem com grande esforço, nada será impossível. Por isso pratiquem diligentemente. Acima de tudo, vocês devem se empenhar completamente, como o fio de água que, correndo incessantemente, fura a pedra. Deixar-se vencer pela indolência é como parar de esfregar duas varetas de madeira antes que peguem foto: mesmo que desejam uma chama, será difícil obtê-la. Esta é a verdadeira diligência".
(Para uma pessoa bonita - contos de uma mestre zen - Shundo Aoyama Roshi)