terça-feira, 20 de setembro de 2016

A SEMENTE DE MOSTARDA



Certa vez, quando Xaquiamuni Buda discursava, uma mulher de nome Kisa Gotami correu para ele em grande desespero.
Em seus braços carregava uma criança. A mulher prostrou-se aos pés de Buda:
"Senhor eu vos imploro, dê-me um remédio para meu filho".

Contudo estava visível que a criança já estava morta.
Kisa Gotami havia ficado louca de dor e desvairada carregava o cadáver da criança para onde ia. Buda ficou em silêncio por algum tempo. Em seguida ele disse:
"Se você quer a cura da criança traga-me uma semente de mostarda da cidade, mas há uma condição. A semente de mostarda deve ser encontrada em uma casa na qual ninguém da família tenha morrido."

Kisa Gotami correu para a primeira casa e perguntou:
- Pode me dar uma semente de mostarda para que eu possa dar como remédio para meu filho?
- Claro que posso.
- E já morreu alguém nesta casa?
- "Ah! Sim", responderam. "Já morreram muitos."

Na próxima casa ela perguntou:
- Esta casa está livre da morte?
- Certamente não. Responderam. "Já morreram muitos nesta casa."

Em todos os lugares a resposta era sempre a mesma.
Então Kisa Gotami sentou-se e sua mente foi se tornando calma.
Ela pensou consigo mesma: "Será sempre a mesma resposta em toda casa. Buda sabia que seria assim".

E ela saiu da aldeia e foi para o cemitério. Ela enterrou a criança e pronunciou as seguintes palavras:
"O que é verdade para a aldeia é verdade para a cidade; O destino dessas pessoas não é somente delas, é para todo mundo, até para os devas no céu, esta verdade é imortal: todas
as coisas têm que morrer".

E então Kisa Gotami procurou o lugar onde o Buda estava meditando;
prestou-lhe homenagem e disse:
- "Senhor, o trabalho da Semente de Mostarda está feito. Não peço para recuperar meu filho, porque mesmo que pudesse recuperá-lo, ele morreria novamente. Ensine-me como encontrar dentro de mim mesma isso que nunca morre."

(Autor não mencionado).

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Para sempre






Quanto tempo praticar? Para sempre.

O primeiro estágio da prática é conscientizar-se de que estamos sempre pensando em como nossa vida deveria ser (ou como era antes).
O que há em nossa vida neste preciso momento que desejamos evitar?

Tudo que for repetitivo, monótono, doloroso ou infeliz; não queremos correr no lugar com isso. Não mesmo!

O primeiro estágio da prática é darmo-nos conta de que raramente estamos presentes, de que não estamos vivenciando a vida, de que estamos pensando sobre ela, conceituando-a, elaborando opiniões a seu respeito.

O componente primordial da prática é perceber até onde esse medo e essa pouca vontade nos dominam.

Se praticarmos com paciência e persistência, entraremos no segundo estágio.

Começamos aos poucos a tomar consciência das barreiras de ego existentes em nossa vida: os pensamentos, as emoções, as evasivas, as manipulações, a todas essas facetas podem ser agora observadas e objetivadas com mais facilidade.

Essa objetivação é dolorosa e reveladora, mas se prosseguirmos, as nuvens que obscurecem o panorama ficarão mais tênues.

E qual é o terceiro e crucial estágio curativo?

É a experiência direta de tudo que nos apresente a vida.

Tão simples assim? Sim.

Fácil? Não.

Jamais crescemos se sonhamos com um estado futuro maravilhoso ou lembrando feitos passados. Crescemos sendo o que somos e estando onde estamos, vivenciando nossa vida tal como ela é, exatamente agora. Precisamos experimentar nossa raiva, nosso pesar, nossos fracassos, nossa apreensão, e eles podem ser nossos professores, quando não nos afastamos deles. Quando fugimos do que nos é dado, não podemos aprender tampouco crescer. Isso não é nada difícil de entender, embora seja difícil de executar. Os que persistem, contudo, serão os que crescerão em seu entendimento e em sua compaixão.

Por quanto tempo é necessária essa prática? Para sempre.

(Charlotte Joko Beck)

AVISO

Em observância à recomendação do Decreto Distrital, as atividades do Zen Brasília serão temporariamente suspensas, inclusive a Jornada de Z...